sexta-feira, 1 de abril de 2011

Espectáculo – “casa dos ventos”

Criação e Interpretação Filipa Mesquita | Texto João Pedro Mésseder |Consultadoria Artística José Rui Martins| Música D’Orfeu| Cenografia Marta Fernandes da Silva | Marionetas enVide neFelibata | Desenho de luz Paulo Neto | Design Patrícia Costa | Vídeo Zito Marques | Fotografia Rita Rocha | Adereços José Machado | Produção Teatro e Marionetas de Mandrágora |Co-produção Theatro Circo| Parceria Trigo Limpo-Teatro ACERT; D’Orfeu; Auditório de Espinho | Apoio FACE – Fórum de Arte e Cultura de Espinho; C. M. de Espinho; C. M. de Gondomar | Nave de Serviços Artísticos (Santiago de Compostela - Espanha)
A companhia Teatro e Marionetas de Mandrágora nasceu em Abril de 2002 pela mão de diversos profissionais quer das artes plásticas como das artes do espectáculo, integrando um núcleo criativo especializado na construção e na interpretação recorrendo a esta forma técnica teatral designada por teatro de formas animadas ou teatro com/de marionetas.
Diversas foram as premissas que estiveram na génese da Companhia, se inicialmente nos poderíamos apelidar de académicos existiu ao longo do tempo a maturação nas ideias, nos conceitos e a percepção dos inúmeros caminhos possíveis de calcorrear e das distintas valências que foram ampliando a estrutura e permitiram que hoje, esta tenha outro pensamento e outro discurso.
Uma das premissas base, é a de que o actor e a marioneta podem interpretar em cena como personagens, em semelhantes patamares de entendimento e comunicação com o espectador, e que tal presença e interacção amplia o carácter do discurso. Alguns teóricos afirmam que a marioneta possui uma desafectação emotiva presente muitas vezes de uma forma perturbadora na cena. Se bem que esse não seja por completo o discurso que nos move, a verdade é que este lado da marioneta ser uma presença desafectada, uma presença que se anula pela imobilidade, nos leva a uma procura incessante recorrendo a técnicas e modos distintos de manipular e interpretar, ambicionando alcançar uma forma de equilíbrio entre o actor como personagem e a marioneta personagem. Outra premissa da nossa Companhia é situar-se como uma estrutura que comunica com o público questões prementes da sociedade actual. Qual é a nossa visão, a nossa perspectiva? A de avançarmos para esta sociedade global sem perdermos a identidade que nos caracteriza, ampliando a nossa visão que apela a uma sociedade mais artística, mais criativa, que se encontre na arte. Uma outra premissa é a de que o teatro mantém-se como um dos últimos redutos de um contacto social directo, a sociedade cada vez mais individualista e individualizada acorre ao teatro para comunicar directamente com o espectáculo, com a cena, é desse ponto de contacto que consideramos que tem de ser tirado mais proveito. Colocar o espectador numa posição mais activa no espectáculo é um objectivo cativador que procuramos desvendar.
A marioneta é mais do que uma ferramenta que o actor, o encenador e o criador podem utilizar em palco para expressar-se de uma forma mais simbólica. Consideramos que a marioneta é também actor, elemento cenográfico, escultura, pintura, imagem, é forma teatral com variadas possibilidades. Depois desta análise, merecedora de ampla discussão temos que referir que a Companhia desenvolveu espectáculos procurando em distintos textos de diferentes dramaturgos, diversas formas de aproximação à manipulação, variadas técnicas de interpretação, sem nunca perder o enfoque na mensagem desta comunicação.
Marcadamente a Companhia procura com as suas produções ampliar o seu projecto ao nível local, nacional e internacional, dotar-se de mais e melhor meios de construção, dotar a sua equipa de mais conhecimentos que lhes permitam uma maior dinâmica para a cena. A Companhia pretende consolidar-se mantendo coesa a sua equipa bem como chamar a si mais e melhores meios e ferramentas que permitam o maior sucesso das suas criações e iniciativas.