sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sobre o espectáculo


Uma reflexão pessoal sobre a forma como é observado o nosso património cultural e sua apropriação visual, sonora, táctil mas acima de tudo social e comunitária, criando um universo artístico próprio, analisando de um modo crítico a sociedade onde nos integramos e resgatando pequenas linhas ténues desse contacto, acentuando-as. Este é sem dúvida um período de transição, onde o recuo de trinta anos e o avanço de trinta anos nos parecem ao nível das culturas artísticas do espectáculo, virem de tão distante lugar para se imaginar o que poderemos esperar das dramaturgias futuras.
Neste projecto é interessante pensar nele como se do passado tivessem sido retirados elementos intemporais como um velho e uma criança, com a força de vontade da terceira idade e a dificuldade em crescer e encontrar o seu espaço na infância e elementos extintos como o burro e o moinho, o animal é um paradigma de uma espécie que em Portugal está em vias de extinção mas que foi fundamental no funcionamento social de à não muitos anos, bem como o moinho, que em si encerra não só a manufactura da farinha, mas também aproveitando todo o seu simbolismo, o objecto de moinho comunitário.

Um ideia inerente a este espectáculo é o contacto intimo com o público, em meu ver o teatro encerra um dos últimos possíveis actos comunitários, local onde várias pessoas de distintas raças, culturas e credos, idades e estratos sociais se sentam no mesmo local para ver e ouvir, ponderar e pensar….
Parte do projecto coloca o público em relação intima com o espectáculo, quer na proximidade, quer no acto da sua disposição em relação às cenografias, aos actores, pretende-se um contacto próximo, que o público faça parte integrante do espectáculo.